Vem lá meu negro,
Brancos cabelos,
Diz: _Me chame de Preto
E te beijo.
Como a Pai e Mãe
E te deixo.
De pele branca,
E cabelos louros
Ser preto... mesmo que de alma.
domingo, 22 de dezembro de 2013
Casualidades
Um cachorro da raça labrador acabava de derrubar a terceira
cadeira da lanchonete à beira-mar causando caos e sujeira por todo o ambiente.
Ele rodava e lambia tudo que estava no chão. Tudo que seu nariz conseguia
cheirar. Os clientes começaram a se agitar para tentar pegar o cachorro. O
animal, rápido e perspicaz conseguia driblar a todos e se dirigia à porta de
entrada quando sua dona atrasada e cansada por ter corrido atrás do cachorro
por um bom trecho chegava à lanchonete. Ao avista-la o cachorro voltou correndo
para dentro e após alguns dribles avistou um homem no canto lendo um livro
distraidamente, sem se importar com a confusão. Em um impulso o cachorro se
lançou no colo desconhecido e ali se acalmou a esperar pela sua dona.
O homem por sua vez, recuperado do susto que havia levado
com um labrador pulando em seu colo e ambientado com todo o ocorrido, deu
espaço ao cachorro e deixou que a dona se aproximasse:
- Desculpe senhor. Por favor, me desculpe. Eu não sei o que
deu nele!
- Tudo bem. É um bonito cachorro e bem carinhoso apesar de
levado. – O cachorro olhou para ele com ar de desaprovação do ultimo elogio que
recebeu como se entendesse o significado das palavras.
- Obrigado. Obrigado, mas me desculpe – e virando-se para o
cachorro disse: Leni malvado! Não pode ouviu? Não pode! – E o animal abaixou
olhos e orelhas sabendo que havia feito coisa errada.
- A propósito, meu nome é Paulo.
- Rebeca.
- Rebeca. Você gostaria de se sentar?
- Não posso. Tenho que voltar.
- Toma. Meu cartão. Adoraria ter seu telefone, mas sinto que
você não vai me dar. Então me liga, por favor.
- Não devo ligar, você sabe que...
- Não importa. Ligue quando quiser. Só ligue.
***
O quarto do hotel ficava no sétimo andar. Era um hotel
pequeno do centro da cidade. Normalmente quem vem nesses hotéis são pessoas
casadas que procuram distancia dos olhos de todos. Já era a quarta vez que eu
vinha aqui. Agora era só esperar.
Rebeca chegou dez minutos depois. Ela estava com uma saia preta
justa no corpo e uma blusa levemente transparente. Sem sutiã. Ela sabia me
provocar. Eu via o mamilo duro por debaixo da blusa roçando o tecido. Era
enlouquecedor. Ofereci uma bebida, uísque é claro, afinal já estava aberto e
era basicamente o que tinha no quarto. Não demorou sequer duas goladas para eu
puxar ela para perto de mim e fazê-la sentir meu pau. Ela gostava muito. E toda
vez que eu me aproximava eu pensava que bendito cachorro era o Leni. Demorou
três meses desde o nosso encontro na lanchonete para que ela me ligasse. Quando
ela me ligou eu andava comendo uma mulher do meu trabalho, precisamente minha
chefe. Era um problema serio que eu havia arrumado. A mulher era incompetente
no escritório porem era muito boa no sexo. Achei que ia ser difícil arrumar
alguém assim e eu só continuava comendo ela por que estava difícil sair da
relação sem perder meu emprego. Foda. Isso é de foder. Aí, me liga Rebeca.
Rebeca Sant’Angelo. Rebeca “Santo Anjo” eu costumava dizer. Despertava em mim
um sentimento devasso e protetor ao mesmo tempo. Às vezes ganhava um, às vezes
o outro. Rebeca.
Agarrei os cabelos dela e dei um beijo forte. Ela mordeu
meus lábios. Apertei seu rosto e a beijei novamente. Ela pegou minha mão e
levou para dentro da sua saia. Ela estava sem calcinha. Desgraçada. Eu senti
sua boceta molhada. Enfia seus dedos em
mim. Quero dois. A loucura me possuía. Eu já não tinha mais controle. Eu
não podia estar tão descontrolado assim. Fiz o que ela pediu.
Joguei-a na cama e botei meu pau para fora. ‘Vem cá. Bota
ele na boca.’ O sorriso que ela me deu era como um desenho do Milo Manara
saindo do papel. Era incrível como ela tinha o corpo de um dos desenhos do
italiano. Era esguio e magro, mas com carne de sobra para pegar. E engatinhando
pela cama pegou meu pau e colocou na sua boca. O vigor e a vontade que ela o
consumia me deixavam cada vez mais excitado. Ela colocava tudo dentro da boca e
tirava e colocava e tirava. Caralho, o que essa mulher estava fazendo comigo?
Há algum tempo atrás eu era um funcionário de uma empresa de tecnologia, fraco,
acomodado e feliz. Depois que encontrei Rebeca e passamos a sair me tornei um
dos melhores vendedores de projetos da empresa. Acabara de fechar o terceiro
negocio para implantar a tecnologia para os eventos esportivos que iriam
acontecer na cidade. Eu estava rico e gastando meu dinheiro com tudo que eu
queria e principalmente gastando meu tempo com Rebeca.
Me come vem.
‘Não fala assim’
Anda seu safado
Eu a agarrei com força e coloquei meu pau na sua boceta. A
sensação continuava sendo incrível. Existia uma química sobrenatural entre nós.
Eu não sabia dizer. Era carne. Só carne. Fodi ela muitas e muitas vezes. Ate
ficar exausto. Cai sentado em uma cadeira e ela me olhava sorrindo. Parecia tão
feliz quando eu.
Não esta se esquecendo
de nada?
‘Como assim?’
Aqui ó. Não quer?
Ela me provocava. Eu aceitava. Ela queria, eu iria comer.
Ela ficou de quatro e esperou. Disse que só fazia comigo. Que só eu sabia
fazer. Não sei se era mentira. Mas eu me enganava com prazer.
De repente ouvi um barulho forte e quando me virei, um cara
grande, alto e moreno entrava com rapidez para dentro do quarto. Em sua mão uma
pistola e em seus olhos ódio. Foi tudo tão rápido que só senti a dor da porrada
no meu rosto. Cai quase inconsciente.
“Sua piranha! Você esta me traindo sua puta!”
Carlos, para, por
favor!
“Cala sua boca! Você estava dando o cu para esse filho da
puta? Eu vou matar ele!”
Por favor, Carlos, me
escuta.
Eu olhei para Carlos vindo em minha direção. Senti um frio
na barriga. Como se minha vida estivesse realmente em risco, e estava. Rebeca o
segurou. E Carlos esmurrou seu rosto com as costas da mão.
“Sua piranha desgraçada. Eu casei com você. E é isso que
você faz? Eu vou te matar.”
Carlos
“Ajoelha”
Carlos
“Mandei ajoelhar”
Nesse momento com Rebeca de joelhos, nua, frágil, como uma
criança que espera o castigo do pai que percebi que o instinto protetor era até
mais forte que o sentimento devasso. Olhei ao lado e vi a garrafa de uísque que
deixamos cair no chão e a arremessei na cabeça de Carlos que caiu quase
desacordado. Peguei rapidamente sua arma e atirei em seu peito. Ali eu o
matara. Havia me tornado um assassino. Puta-que-pariu. Eu havia matado um
policial civil. Era muita sorte mesmo. Justamente agora que a vida estava
começando a ficar boa. Cacete.
Olhei Rebeca atônita olhando o corpo inerte de Carlos e a
levantei. ‘Toma, esse é meu cartão. A senha é a data que nos vimos à primeira
vez. Rebeca acorda porra. Pega essa merda de cartão e some da porra do mapa’ Ok. E você? ‘Eu me viro, some e não
volte. E se lembre de que, de alguma forma que eu não sei explicar, eu te
amei.’ Eu também, vem comigo. ‘Eu não
posso, preciso resolver uma questão antes e sei que não vai dar tempo de nos
vermos de novo’
***
Agora era a hora de resolver o problema, fiz uma ligação
para um amigo meu. Demorei vinte minutos no telefone e logo depois entrei em
casa. Agora era a hora de falar tudo. A verdade dolorosa teria de ser dita.
Entrei pela sala e vi Vanessa sentada no sofá lendo uma revista. Essa porra
sempre me irritou depois que ganhei dinheiro. Mas eu amava aquela mulher mesmo
tendo mudado tanto.
‘Vanessa, precisamos conversar.’
Paulo. O que houve? Que cara é essa? Você esta sangrando?
Meu deus, você esta bem?
‘Estou bem sim. Me escuta. Eu matei um cara. E ele é
policial. E preciso que você siga as minhas instruções’
Como assim? Por que você matou alguém?
‘Você vai seguir minhas instruções? Você faria isso? Para
proteger nossa família?’
Paulo, o que aconteceu. Me fala!
‘Você vai seguir a porra das instruções?’
Vou. Vou. Fala
‘Eu tenho uma amante’
***
O enterro de Paulo tinham poucas pessoas. Seu pai, sua mãe,
seus dois filhos, um ou dois amigos e sua esposa Vanessa. Todos chorosos. Todos
tristes.
Vanessa olhou ao redor e viu uma mulher um pouco distante
observando o enterro. Olhou para Figueiredo que colocou calmamente a mão sobre
o ombro de Vanessa e se afastou um pouco.
Rebeca estava observando o enterro de Paulo quando foi
abordada por um homem que a puxou para perto e ela pode sentir a pistola
encostada em suas costas. Sabia que não deveria ter vindo e sentiu o mesmo medo
daquele dia no hotel. O homem a carregou ate um carro estacionado e a colocou
ali dentro.
Mal havia virado a primeira curva depois da saída do cemitério
e um carro prata havia fechado o carro que Rebeca estava. O motorista tentou
sair de ré, mas bateu em outro carro que acabava de impedir a passagem. Rebeca
mal teve tempo de pensar e quatro homens saíram de cada carro com armas nas mãos
e puxaram todos para fora. Tanto Rebeca quanto os caras que a haviam colocado
para dentro. Do lado de fora, sem pestanejar um dos oito homens atirou no
motorista e em outros dois, restando apenas o homem que a abordara.
‘Entra no carro Rebeca.’
Rebeca se perguntava como ele sabia seu nome, mas isso já não
importava. Ela somente rezava baixo. E após alguns quilômetros o carro parou.
‘Sai do carro filho da puta.’ – E o homem que havia abordado
Rebeca foi colocado para fora. Um dos outros homens a puxou para fora do carro.
‘E ai Figueiredo. Qual o plano?’
‘Vamos ver. Depende dele.’ – E virando-se para o homem
continuou: ‘Quem te mandou?’
‘Não importa. Não vou falar.’
Figueiredo atirou no joelho do homem. O barulho quase
ensurdeceu Rebeca. ‘O próximo é no saco. Quer ficar sem bolas e inútil?’
‘Foi o Josival. Amigo do Carlos. Foi ele.’
‘E onde ele mora?’
‘Mora na altura da passarela dez da Brasil. Meu deus.’
Outro tiro. Na cabeça. Sem piedade. Rebeca olhava atônita.
‘Rebeca. Meu nome é Figueiredo. Sou amigo de infância do
Paulo e ele sabia que você não ia sumir. Te usamos de isca para proteger você e
a família dele. Entra no carro com o Antunes e dessa vez some. O resto deixa
comigo.’
Rebeca fez um sinal de afirmativo e andou até o carro onde
estava parado o Antunes. Olhou pra Figueiredo e perguntou:
Aonde você vai?
‘Eu vou para a Brasil. E você vai sumir.’
Rebeca entrou no carro e pediu a Antunes:
Podemos passar na minha
casa? Preciso pegar meu cachorro. Paulo o adorava.
E Figueiredo ficou vendo o carro virar no fim da estrada.
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
Selvagem
Deus, o Poeta primeiro
Poeta de almas, terras e mares,
De condores nos ares
Criou a alvorada, dia que começa
E o poente, vida que termina
Ipanema e suas garotas
Ajudou a criar as minissaias
Criador do futebol,
O Maraca, as torcidas e vaias,
Fla-Flus memoráveis
Me pergunto, que diria a Ele,
Vinicius, amante doloroso
Morto em seu próprio apaixonar-se
Drummond, mineiro vigoroso
Componente da paisagem,
E que paisagem, que paisagem...
O Diabo, praia infame
Era tão grande quando eu pequeno
Tantos amores, tantas dores, tantos poemas,
Que ficou pequena quando eu grande
E essa brisa violenta de tempo virado,
Convite para um mergulho,
Um banho de mar,
Um banho de amar,
Todas as garotas,
Todos os dias passados...
E que diriam os Astronautas,
Se tivessem visto primeiro,
Meu Rio de Janeiro,
Teriam Nazcas, Machus Picchus,
Gizés e belezas mais existido?
Fato é, teriam eles desistido!
Com esse sol, esse mar, essas minissaias
Pecariam, como peco eu.
Por vadiagem...
Deus, o poeta ultimo,
Que depois da minha ultima expiração
De todas ultimas expirações
Reescreverá tudo...
Vinicius, doeria eternamente...
Pilatos não lavaria as mãos...
Talvez mudasse tudo, ou quase tudo...
Não mudaria o Dois Irmãos,
Sim Pilatos suas mãos lavaria,
Que outra maneira o Redentor
Abraçaria a Guanabara?
Os astronautas não nos teriam deixado,
Tomariam água de coco...
E o Verão eterno da Cidade,
Não castigaria!
Apagaria um verso aqui,
Mudava uma palavra ali,
Uma letrinha acolá...
Teriam mais dias o Carnaval,
Mais folia menos labor,
Mais paixão e muito mais amor...
E com mais sol, mais mar e mais minissaias,
E anjinhas e diabinhas e noivinhas e abelhinhas
E colombinas...
Todos viveriam, como vivo eu...
Selvagem.
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