quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Zuza


No dia dez de outubro
Do ano de vinte e três
Nasceu José Alves de Oliveira
Cabra bom, firme na honradez.

De trabalho nunca fugiu
Me lembro com muita alegria
De seu carrinho de doces
Em frente ao cinema Olaria

Em vida teve cinco filhos
E outros tantos que a vida não viu
Do mundo só viram o ventre
de sua Josefa, arretada e servil

Carlos Alberto foi o primeiro
De quem as estórias são muitas
Não perdoava um rabo de saia
Seja moça, casada ou viúva

O tempo veio e o sossego também
Dois filhos apresentou a seu pai
O primeiro bisneto já vem
É o tempo que segue, segue e vai.

O segundo foi a primeira
E única filha mulher
Rosânia Maria é seu nome
Verdadeiro xodó de José

Com a sapiência que só o nordeste
Dá ao povo que de lá vai embora
Garantiu à filha estudos
Em meio à pobreza, muito embora

Dali, mais dois netos vieram
Dando sequência à vida
Somando a esta estória
Mais um sobrenome: Lima

Em seguida nasceu José Carlos
Para somar mais um Zé
Nesta famila tão rica de gente
Saúde, amizade e fé

Seguindo os passos do pai
Continuou ganhando o Brasil
Foi ao Sul fazer sua vida
Gostou, ficou, não saiu

Não esqueci que dali
Mais uma neta nasceu
Veio apressada ao mundo
Até esta José conheceu

Em quarto lugar no tempo
Primeiro lugar em alegria
Nasceu Paulo Roberto, Paulinho
Gigante em simpatia

Mais dois netos acrescentou
À contagem em que já me perco.
O segundo José viu de longe
Ao lado de seu padroeiro

Até que chegamos ao quinto
E este me dificultou a rima
Luiz Antônio, indeciso
Quase envergou a batina

Desistiu a tempo de dar
mais um neto a seu pai
Herdou os olhos da avó
E como joga, o rapaz!

Lembro, saudoso, até hoje
Me perguntou o pai do meu pai
Na última vez que o vi:
“- E a escola, como vai?”

Estas rimas terminam aqui
Quem quiser que bote mais uma
Muita coisa falta dizer
Sobre a vida do veio Zuza.

Houve um ladrão


O dia chegou anunciado
Sem dizer se vinha ao certo
Certo é que não mais espero
Pela chegada do que é caro

Não aguardo, mas quero
Não busco, rebato
Esta ali, tão perto
Nos olhos, regato

Mas deixo vir
Desconfiado
P’ra não repetir

O que não posso comprar
Moeda não há
Fui roubado, perdi.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Assim é a paixão ... (por Thiago Zefiro)



Prato Feito

Que delícia, a saborear
Outra vez e outras cousas
Queria-te, poder gozar.
Indagas-me : como ousas?

Canção mais descabida
Ouviria por toda vida
Se enchesses minha boca
Saciando a vontade louca

Que piegas, que jargão
Pareces nem seres poeta
Não valias um quinhão
não fosse por tua meta

Que é saciar-te a fome
Tens um cardápio completo
Pecas por teres em nome
O teu prato predileto.


terça-feira, 6 de novembro de 2012

Fuga

Fuga (Rafael França)


Fujo, como o diabo da cruz
De ventos fortes, ventanias
Escondo-me na saia de mãe
Tremendo, sem pingo de valentia

Acovardo-me no escuro
Sem calor ou proteção
Evito contatos maiores
Não preciso revelação

Do mar, mantenho-me seco
O sal me afasta do rir
Ofego toda a respiração
Nem cheiro quero sentir

Não subo, não desço
Com passos curtos ando
Não pulo, não abaixo
Não tento, nem a mando

Não abuso da saúde
Tampouco da pouca sorte
Não desafio o tempo
Mas são olhos nos olhos da morte

A quem espera (Paulinho Cerezo)


A quem espera (Paulinho Cerezo)


Há sempre dias de ar retraído,
Desejosos em inocente candura:
Que, de toda a nossa doçura,
O âmago não tenha se esvaído.

Se, em acesso alheio de loucura,
Formos dignos de sermos queridos,
E nossos apelos, então, atendidos,
Fizerem dos sonhos terma procura:

Estejamos prontos, e não aturdidos,
Livres, de impedimentos despidos,
E de amor-próprio tenhamos fartura;

Que se encarregue de nós a ternura,
Afastando, assim, toda a agrura,
E sejamos, enfim, de amor embebidos!