sábado, 22 de setembro de 2012

Literal


Escrevo poesias por que gosto
Gosto de idéias no papel
De ver a tinta vazar da caneta
Gosto, muito, dos sentimentos afora
Em pedaços de literatura


Não o faço por ofício
Isso de nada me adiantaria
Não tenho vocação profissional
Uso o coração, para o que serve
Viver, chorar, amar, ser amado

Meu interesse é estético
Às vezes até mesmo literal
Eu sinto em versos
Amo em estrofes
Sofro em rimas tantas
Regozijo-me em palavras
Eu morro em métricas

Satisfaço-me em rimar
Com a dificuldade de achar
boas letras pra cada batimento
Boas rimas praquele tempo
Praquele templo em corpos
Distintos e inseparáveis

Se ponho em língua minha dor
Em ritmo decassílabo o prazer
Em redondilhas a saudade
também ponho na ponta do lápis
O presente, o passado,
E por vezes, porei o futuro...

Vale-me dizer que de tanto ler
Hoje escrevo para não apagar
Da memória o que presenciei
O que toquei, cheirei, provei, ouvi
Largo com fúria sobre a pena
Tudo aquilo que, dia, intuí.

(Rafael França, Rio de Janeiro, 21 de Setembro de 2012, Século XXI)

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