sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Bar Luiz II (ou O Almoço)


Sentei à mesa com olhos de criança
Na cadeira ao lado, meu passado
Dividimos a mesa com a esperança
De nada ter dessa vida apagado

Reencontrei velhos e queridos amigos
Ausentes, guardados na gaveta
Dividir tanta angustia eu só consigo
Com meu querido gravata-borboleta

Olhei ao redor, o que ainda não mudou
As mesmas portas, as mesmas paredes
Pintadas de lembranças, ninguém apagou
Pra nunca afastar este assíduo hóspede

Pedi o cardápio, por pura bobagem
Para me sentir, quem sabe, patrão
Mas, como sempre, não tive coragem
Fui servido com o que me era padrão

Não daria para reclamar, sequer,
Esse prato me agrada demasiado
Garfadas, goles, risos de mulher
Por momentos, me alimento calado

Uma mão no bolso, uma ao céu
Mais um gole de infância perdida
Deixei um extra, é o meu papel
Levanto-me, e volto à minha Vida.

Rua da Carioca 39, Rio de Janeiro, 05/10/2012

2 comentários:

  1. Chamo atenção ao "gravata-borboleta" e à crível quarta estrofe. Da hora, mano. (afinal, não estás a dar "adeuses" ao Jijanero ?)

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