segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Tácito (Paulo Cerezo)

Tácito (Paulo Cerezo)

Dentro do peito, me calo.
Dentro do calo, me espanto!
De um pranto
Contenho meu grito,
E, no infinito,
Refaço-me santo
(embora sem manto, sem rito,
ou escrito em adianto).
Trago essa inquieteza de alma leve,
Que sempre me acompanha.
Esse menino, que apanha,
Mas põe a mão onde não deve.

Até minha poesia me cerceia...
A que ponto!
Sintática,
Estática,
Gramática - não me leia!
Larga-me, e pronto!

Vale, de fato, a lua cheia,
A mesma candeia
Que é idéia de poeta
Desde antes de sempre;
Uma bebida que embriaga,
Uma casa longe de casa,
Um amor mal resolvido,
Uma saudade bem vivida,
Um arrependimento,
E tudo quanto é fraqueza.

Há sempre tristeza na mão do poeta.
Há sempre saudade no seu olhar.
Há sempre uma palavra que falta
(E que pai-dos-burros a teria?!).

Extensão do espírito, o verso;
O amor que o mundo não sente:
Eis aí o que estamos a dizer-lhes.






Um comentário:

  1. Irado meu camarada... ficou bem maneiro, mas depois quero explicação do Tacito...

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