Quisera eu ser um poeta do mar,
Que meus versos movessem-se, no tempo, como as marés
Que minhas rimas, salgadas e tristes e solitárias na
imensidão,
Fizessem de mim um poeta do mar.
Quisera eu ser um poeta do mar,
E conhecer-me como nunca pude fazer em vida,
Ao reconhecer-me, um lusíada, como tantos patrícios,
Enamorar-me de quem é da terra, no mar.
Quisera eu ser um poeta da terra,
Extrapolar meus anseios, meu gozo, de pés descalços, em
cartas ao Rei
Abdicar dos títulos, a – muito – sangue conquistados,
Fazendo-me, então, um poeta da terra.
Quisera eu ser um poeta da terra,
Defendendo o que, do meu peito verte, com o poder das
palavras
Ter na pele, morena, às noites quentes, ou, sob o olhar do
sol
Quem me dá de meu sangue, ao ar, a terra.
Quisera eu ser um poeta do ar,
Que a plumagem negra da graúna em meus braços, se coloram,
Levando, quem de dever, às alturas das nossas divindades,
Para viver ou morrer, no levante, como poeta do ar.
Quisera eu ser um poeta do ar,
E que meu sopro leve, leve pra longe a dor dos nossos povos
Como o cheiro do lírio leva o sofrer do coração dos artistas
Que tomados por uma faísca, se alimente do ar.
Quisera eu ser um poeta do fogo,
E que assim minhas ideias, meus amores e minhas paixões
Sirvam ao mundo como me serviram para ter um novo sorriso,
Que do meu interior, acendesse o poeta do fogo.
Quisera eu ser um poeta do fogo,
Cauterizando as feridas da falta de amor,
Queimando as bandeiras, derretendo grilhões entre os homens
Fazendo arder de prazer, como ardem os amantes,
E que para esse fim, eu só possa desejar,
_ Quisera eu, ser um poeta.
Rafael França